01 abril 2007

Rio Sol Tinto 2004

Este é o segundo vinho que comento após a criação da Confraria Brasileira de Enoblogs, formada por este blog e pelo amigos do Vivinhos, Viva o Vinho, Pisando em Uvas e recentemente contamos com a adesão do Vinhos - Prazer em Degustar e Le Vin au Blog. A escolha desse mês coube ao Edgard e Anny (Vivinhos) e todos postarão comentários no início de abril.
O Rio Sol 2004 é um corte de cabernet sauvignon e syrah (50/50), produzido pela Vini Brasil, no Vale do São Francisco, uma parceria entre a portuguesa Dão Sul e a importadora Expand. Tem sido anunciado como um vinho para atender ao mercado internacional, produzido na "nova fronteira vinícola" do Brasil, a 8º de latitude sul.
Paguei inacreditáveis $ 29 pela garrafa, provando que o mercado de vinhos em Uberlândia, além de carente, pode ser absurdamente ofensivo aos nossos bolsos. Para se ter idéia, no site da Expand o mesmo vinho é vendido a $18,90.
Apesar do preço, tentei pensar neste vinho com imparcialidade. Constatei o seguinte:
No copo, cor púrpura tendendo ao rubi (quase vermelho), com bordas tendendo ao granada. Formação de intensas e longas pernas. Pouca transparência. Demonstrou certa untuosidade.
No nariz, aromas de média intensidade, lembrando frutas silvestres e notas vegetais, que foram mais abundantes do que o frutado. Álcool excendendo no olfato, apesar dos modestos 12,5% de teor. Na boca, taninos firmes, certa acidez, mas o álcool novamente incomodou. Desequilíbrio indiscutível. Melhor nariz do que boca.
Pouco corpo, retrogosto levemente frutado, final de pouca persistência. Palato adstringente. Não percebi presença de madeira. Ao ganhar um pouco de temperatura, apareceram lembranças de mel (que não me atraem).
O site da Expand anuncia que este foi o "único vinho brasileiro a receber a medalha de ouro no II Concurso Internacional de Vinhos do Brasil - 2004", além de "Medalha de Bronze no Decanter World Wine Awards". Não sei, mas acho que bebi outro vinho.
Há vinhos nacionais que representariam melhor nossa produção. Talvez a "curiosidade" leve o consumidor internacional (como tem feito com os próprios brasileiros) a comprar vinhos produzidos a 8º de latitude sul. Mas apenas pelo interesse na novidade, na excêntrica localização dos vinhedos e da vinícola.
É um vinho pouquíssimo interessante. Mesmo na casa dos $19 é um vinho que não compraria novamente. Modestas duas taças, portanto!

11 comentários:

Rafaela disse...

Olá, vinho para todos.
Ficamos contentes em ler o seu comentário sobre o Rio Sol. Estávamos curiosos para ver o que os outros diriam sobre o vinho.
É interessante notar como o mesmo vinho pode se comportar de maneira diversa. No geral, também nos empolgamos com o Rio Sol, mas ao ler o seu post percebemos que a sua garrafa tinha algumas características diferentes da nossa, como por exemplo a presença de álcool na sua. Nós decantamos a nossa por mais de uma hora, o que pode ter amenizado essa questão.
Isso, porém, é exatamente a graça de várias pessoas provarem o mesmo vinho, cada uma tem uma percepção bem variada. O que mostra que o vinho é mesmo uma bebida viva. Cada garrafa, uma experiência nova.
Estamos curiosos para ver o que os outros acharam. Você têm notícias deles?

Administrador disse...

Meus caros, nossas percepções foram diferentes, mas o resultado final me pareceu bem próximo: é um vinho que não nos fará falta, caso não compremos outra garrafa.
Não tenho notícias dos outros blogs. É provável que façam os comentários neste início de mês.
Abraço!

Anônimo disse...

As pessoas têm falado muito dos vinhos Rio Sol mas acho que é porque são feitos numa latitude pouco usual. Acho que a curiosidade é que movimenta esta marca... quando todos perceberem que não são grande coisa, não sei o que acontecerá.
Sérgio Endrigo Nunes
Fortaleza

Anônimo disse...

Prezado EnoAmigo.

Parabéns pelo inteligente e informativo blog. Muitos conheço, porém raros utilizam a ferramenta com tamanha maestria e alcance.
Você não só divulga o mundo do vinho para todos, bem como o descortina para os iniciados.
Muitos... torcerão o nariz para os vinhos neste site tão bem avaliados. Porém não esqueçamos que, a bebida dos deuses aqui avaliada destina-se a todos nós mortais e não aos "deuses".
Conte meu apoio e solidariedade. Efusivas saudações e parabéns.

Administrador disse...

Prezado, agradeço pela gentileza do comentário. Este blog é destinado aos mortais, embora o assunto seja imortal.
Saúde e volte sempre!

Anônimo disse...

Como a análise original foi postada em 1/04/2007,não sei se alguém ainda vai ler meu comentário...
Ontem, 27/10/08, em um curso intrutório na ABS-RJ, o instrutor relatou que o Rio Sol recebeu a medalha de ouro de melhor nacional tinto em um evento de degustação cega, ou seja, tanto a marca como a latitude do vinhedo eram desconhecidas pelos juízes...
O Rio Sol estava concorrendo com outros 38 tintos nacionais, divididos inicialmente em 3 grupos de 13, e os 2 melhores de cada grupo novamente avaliados sem identificação.
Portanto, parece-me que a crítica original postada aquí em 2007, (e copiada abixo), tenha sido excessivamente ácida ...
"Há vinhos nacionais que representariam melhor nossa produção. Talvez a "curiosidade" leve o consumidor internacional (como tem feito com os próprios brasileiros) a comprar vinhos produzidos a 8º de latitude sul. Mas apenas pelo interesse na novidade, na excêntrica localização dos vinhedos e da vinícola."
Ricardo Coqueiro, Rio

Administrador disse...

Prezado Ricardo, pela data de seu comentário, é provável que o instrutor tenha feito referência ao vinho da safra 2006. Coincidentemente, programei a postagem para entrar no ar amanhã, dia 29/10. Veja que o vinho melhorou no meu conceito, mas nada de excepcional. Aguardo seus comentários.
Ainda continuo com o Reserva Syrah 2005, o melhor tinto que experimentei do Vale do São Francisco.
Obrigado pelo comentário.
Saúde!!!

Unknown disse...

Olá Pessoal,
Esse vinho da Rio SOl é um vinho bastante comum, simples e que realmente não tem nada de mais.
Os vinhos do Rio Sol que acho realmente diferenciados são os Winemakers. Por exemplo, o Tempranilo ou Alicante. Além dos vinhos reserva deles que em geral também são bastante agradáveis.
Sugiro esquecerem esse vinho e experimentarem qualquer um dos da linha Winemakers. Esses sim tem bastante corpo, aromas fortes e agradáveis além de um final mais marcante.
A Expand não é mais a revendedora do Rio Sol, mas ainda se encontra em algumas logas deles os vinhos. Agora, vale a pena também experimentar os do Paralelo 8 que, se não me engano é da mesma empresa. Eles tem vinhos excelentes.

Lie Carvalho disse...

Oi,
Sou suspeita a falar dos Vinhos da Rio Sol, pois é da minha terra, o Vale do São Francisco, mas o Vinicius tem razão, Os winemaker´s, a linha vinha Maria (reserva e o reserva selecionada), o Paralelo 8 (vinho top da empresa) e o Brazilio, são ótimos vinhos.

Eliane

marcelio disse...

os vinhos da RIO SOL são de ótima qualidade acredito que vão dominar o brasil e o mundo com sua qualidade.


Marcélio de souza, de petrolina mais residente na ilha do pontal próximo a fazenda da rio sol.

marcelio disse...

Os vinhos da rio sol vem nos surpreendendo com o avanço de sua qualidade.




marcelio petrolina e ilha do pontal.