01 setembro 2011

Cava Jané Ventura Brut Nature #cbe


Esse é o 59º vinho comentado para a Confraria Brasileira de Enoblogs - CBE, cujo tema foi indicado pelo amigo Daniel Perches, sommelier, publicitário, torcedor do "maior do mundo" e autor do ótimo Vinhos de Corte: "aproveitando que o calor está chegando de novo, proponho bebermos um espumante Cava, de qualquer valor".

Vale lembrar que as Cavas são os espumantes mais tradicionais da Espanha, produzidos em sua grande maioria na região do Penedès (na Catalunha), pelo método tradicional (champenoise) com uvas típicas da Espanha, como parellada, xarel-lo e macabeo. A primeira confere finesa ao espumante, a segunda colabora com o corpo e boa acidez e a terceira com a fruta, os aromas e acidez.

Foi na região do Penedès que a Freixenet, grande produtora espanhola, criou uma máquina para substituir a ação humana na atividades da rémuage, aquele giro que um funcionário da vinícola dá em cada garrafa que está em fermentação. Inventou-se a gyropalette, estrutura de aço que faz esse serviço em 500 garrafas de uma única vez (leia mais). Eficiente, mas menos charmoso que o processo tradicional.

Para comentar escolhi esse produto elaborado pela Jané Ventura, empresa familiar envolvida com a produção de vinhos desde 1914. O vinho base leva 30% de macabeo, 30% de xarel-lo e 40% de parellada. A fermentação ocorre em 4 semanas e a maturação entre 20-30 meses. Por ser um nature, após a degola não se acrescenta licor de expedição, ou seja, não se adiciona açúcar ao vinho e a quantidade de açúcar residual fica entre zero e 3 gramas por litro. Vendido na casa dos R$ 70.

Vamos ao vinho!

Na taça coloração amarelo palha. Perlage fina e persistente. Espuma formada no momento do serviço, mas desaparecendo em seguida. Mas essas características podem variar muito de acordo com as taças e sua limpeza (produtos utilizados, resíduos etc).

Aromas em boa intensidade, bastante característicos das Cavas. Mesmo não tendo larga experiência com esses espumantes, percebo aromas bem distintos de espumantes brasileiros e champagnes. Muito floral, notas evidentes da fermentação, casca de pão, fermento e tostado.

Na boca confirma os aromas e um toque frutado diferente, que interpreto como "groselha" (já experimentado em outra Cava). Boa acidez, seco, confirmando nível de açúcar residual muito baixo, leve e gastronômico. Final persistente, floral, groselha e tostado. A uma temperatura mais alta os aromas e sabores da fermentação se sobressaem ainda mais.

O preço não é tão atrativo para ser um espumante para o dia-a-dia, mas vale a experiência. Muito bem feito, complexo e pode/deve acompanhar comida. Mas não compre se você gostar de espumantes com maior nível de açúcar como a maioria dos brut brasileiros. São bem diferentes.

Saúde a todos!
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