Vinícolas CHI




Nas férias de janeiro/2011 queria ir para o Uruguai. Cheguei a trocar e-mails com o confrade Jeriel da Costa, que recentemente havia visitado muitas bodegas por lá.  

Falei com minha esposa sobre a possibilidade e ela gostou. Gostou como eu gosto de assistir Friends: é divertido, informal, não me faz crescer, mas também não me desgasta emocionalmente.

Percebendo um certo desânimo, disse: “ou podemos ir ao Chile”. Bom, aí os olhos dela brilharam, tanto quanto os meus brilham quando vejo uma garrafa de Pinot Noir. Assim, democraticamente, estava decidido. Vamos ao Chile. 

De início uma decisão: nada de pacotes que te levam somente às grandes vinícolas e engessam o turista. Optamos por alugar um carro para ter mais liberdade e decidimos nos hospedar em três cidades: Melipilla (para visitar os vales de Casablanca e San Antonio), Rancagua(para os vales do Rapel e suas subdivisões Cachapoal e Colchagua), além de Santiago, para conhecer a capital e as vinícolas em seu entorno, no Vale do Maipo.

Chegamos no dia 11 e voltamos no dia 18 de janeiro. Portanto, seis dias de total liberdade para explorar esse grande país produtor.

Depois de 1.312 km rodados, conseguimos “encontrar” 21 vinícolas. Digo encontrar porque em algumas exploramos o que era possível (tour, degustações, almoços etc), mas noutras apenas visita aos vinhedos ou portão fehcado. Mas tudo foi registrado em mais de 600 fotos.

Algumas constatações (saindo da obviedade de que os vinhos tem uma qualidade média muito boa):

- os chilenos conhecem pouco suas vinícolas – percebemos isso quando pedíamos informação nas estradas e cidades. Incrivelmente apenas a Concha y Toro nos foi indicada quando já estávamos próximos a ela. As demais, nada! Essa informação foi confirmada por vários atendentes nas bodegas, que nos diziam: “vocês do Brasil conhecem mais nossos vinhos e nossas vinícolas do que os próprios chilenos”. E mais: “os chilenos não nos visitam”. Fiquei surpreso, mas é uma realidade. Apesar de tudo isso são gentis em tentar ajudar o turista. Numa borracharia em San Antonio (já no litoral do Pacífico), de repente me vi rodeado por cinco chilenos tentando decifrar o mapa que eu tinha em mãos. Quando cheguei lá só havia duas pessoas e as outras foram se agregando ao grupo na medida em que a discórdia se instalava. Não ajudaram muito, mas valeu a tentativa.


- a Carmenère é uva símbolo do país apenas nas campanhas de marketing – em quase todas as vinícolas visitadas a uva que para nós brasileiros simboliza o Chile é utilizada apenas em cortes ou varietais menos expressivos. Em nenhuma delas é o vinho top. Dentre as tintas esse rótulo cabe à Cabernet Sauvignon (Maipo) e à Syrah (Casablanca, San Antonio, Cachapoal e Colchagua). As brancas são um sucesso nos vales mais próximos ao Pacífico (Casablanca e San Antonio).


- os livros não substituem uma visita in loco – a partir dessa viagem nossa percepção sobre o potencial de cada região, as uvas mais propícias, os manejos diferenciados a depender do clima, a vivência da história de vinícolas gigantes e outras bem modestas, as dificuldades em relação à obtenção de água etc, tudo isso mudou bastante. Visualizar o que estava somente nos livros é outra coisa.


- Quanto ao país e seu povo: 
- os chilenos são solidários, simpáticos, gostam do Brasil e fazem piada com a Argentina (coisa de chileno).

- adoram sua bandeira, que está em tudo, até nas homenagens aos mortos nas estradas (nunca vi tantas).

- as rodovias estão em ótimo estado na maioria dos casos. Mesmo nas rodovias mais interioranas o estado é bom. Não caí em nenhum buraco. Os pedágios são muitos, mas são baratos. O mais caro que paguei foi de 1.200 pesos, algo como R$ 4,70, mas a maioria ficava em torno dos R$ 2. 
- ao se comparar o Real e o Peso Chileno em relação ao Dólar, percebe-se que os preços de serviços, hotéis e restaurantes se equiparam aos nossos. A gasolina é mais cara.
- os vinhos chilenos dominam lojas e supermercados. Lugar de vinho importado é num cantinho escondido.
- paga-se em alguns casos 1/3 por uma garrafa de vinho lá em relação ao preço do mercado brasileiro.
- Santiago é uma cidade bonita, limpa, segura e interessante – é só conferir!!!



Agradeço ao confrade Cristiano Orlandi, que me deu preciosas dicas, especialmente em relação a uma vinícola que nos encantou. 

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Boa leitura!


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