Isso me fez enveredar por outras plagas, já que não precisava mais consumir vinhos para alimentar o blog. Daí nasceu meu interesse por destilados, especialmente os Bourbons, e mais recentemente tenho explorado o mundo dos charutos, tanto que fiz o curso de Cigar Sommelier pela IACS - International Association of Cigar Sommeliers, uma instituição muito conceituda no ramo e com sede na República Dominicana. Foram cinco meses de aulas e avaliações até a obtenção do certificado e em breve pretendo compartilhar informações por aqui.
Pois bem! Explorando o mundo dos destilados e depois suas possíveis harmonizações com os charutos, percebi que meu conhecimento a respeito de whiskys escocêses Single Malt era bem limitado, até porque me lembro apenas de ter provado o Macallan 12 Anos Triple Cask, um presente que ganhei da Érika. Mas, juntando minha ignorância com minha predileção pelos Bourbon eu nunca pude apreciar o presente com a devida atenção e percepção adequadas.
Então, resolvi comprar dois Single Malt um pouco mais caros do que os Bourbon que estou acostumado a comprar, mas com algum atrativo que me proporcionasse uma degustação diferente. Um deles foi esse Glen Turner que aparece na foto e do qual falarei em instantes.
Lembrando a todos que para ser um Scotch Single Malt é necessário seguir algumas regras, que basicamente são as seguintes, segundo Eddie Ludlow (Sabores do Whisky, Globo Livros):
- Deve ser elaborado em destilaria única.
- Elaborado exclusivamente com cevada maltada.
- Feito em alambiques de cobre.
- Deve ser maturado pelo menos por três anos.
- Engarrafado no mínimo com 40% ABV.
- Pode ser elaborado em qualquer uma das cinco regiões produtoras da Escócia: Highlands e Ilhas, Lowlands, Islay, Speyside e Campbeltown.
O whisky de hoje é elaborado na região de Highlands (a mais ampla de todas) pela Glen Turner Company Ltd., que é uma destilaria relativamente jovem e hoje pertencente ao grupo francês La Martiniquaise, fundado em 1934, mas que só começou a trabalhar com whisky escocês em 1969, quando lançou a marca Label 5.
Para ver a destilaria no mapa: https://maps.app.goo.gl/qat45wEkECvdYKz19
A característica que primeiro me chamou atenção para comprá-lo foi o fato de ser um double cask, ou seja, inicialmente a maturação acontece em barris de carvalho americano (ex-Bourbon) e posteriormente é finalizado em barris que já foram usados na elaboração de Vinho do Porto. Então, o que eu esperava era um aporte de aromas e sabores que lembrassem essa última passagem por barricas.
Ao contrário de muitos Bourbon a que estou acostumado, no nariz o Glen Turner não foi ofensivo e alcoólico, sendo bem amigável. Aromas ricos lembrando baunilha, mel, frutos vermelhos e especiarias. Uma bom resultado daquilo que esperava de um scotch, mas com nuances lembrando o Vinho do Porto.
Em boca tem um dulçor envolvente, onde os aromas se repetem e são acompanhados por um leve tostado. Para meu paladar tem ótimo equilíbrio entre dulçor, álcool e madeira, com complexos aromas e sabores, variando conforme a temperatura e tempo no copo.
Comecei a degustação com o whisky sozinho na taça. Sim, gosto de taças de vinho (ISO ou não) para melhorar a percepção aromática. Em razão do calor adicionei UMA pequena pedra de gelo para não diluir o líquido, o que foi ótimo para experimentar novas sensações aromáticas.
Entendo que foi um bom passo rumo às experimentações que me tirem do lugar comum dos Bourbons, que ainda guardam um lugar de destaque em meu gosto pessoal, mas já me permito dizer aos amigos que "ando gostando de um bom scotch".
Quanto paguei por essa garrafa? R$ 297 no site da Amazon. Sim, compraria novamente!
Se continuarei postando por aqui ainda não sei. Mas, foi bom voltar. Se você gostou do conteúdo, deixe seu comentário.
Saúde a todos!
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