De uns tempos para cá decidi beber os vinhos que guardava há anos na adega, devidamente climatizados. Lá estavam, principalmente, vinhos brasileiros da histórica safra 2005, vários do ano que minha filha nasceu (2007) e algumas outras safras mais antigas ou mais recentes. Nada de vinhos caríssimos, todos couberam no meu bolso.
Guardei porque ficava imaginando: "vai ser legal abrir quando o vinho tiver dez anos", daí não abria e alguns estão hoje com quase quinze anos e eu não bebi. Pensava que seria bom abrir "quando minha filha fizesse dez anos". Esses eu bebi todos, felizmente. Esses outros em breve irão para a taça (ou para o ralo, não sei).
Ao decidir não mais guardá-los, o fiz por duas simples razões, em ordem de importância para mim:
1. nessa faixa de preços (e até vinhos bem mais caros) não ganham muito com guardas tão longas. Na verdade, ao abri-los, você já terá perdido todo seu auge, seu apogeu, sua força, sua vibração. Assim como aquela carne "no ponto" que você gosta: se demorar muito não será tão prazerosa. Assim como nós mesmos, que passamos a não ter tanta graça quando contamos as piadas aos mesmos ouvintes!
2. a vida parece que está ficando mais curta e não quero que o espólio contenha garrafas de vinhos que serão abertos por quem não entenderá o seu conteúdo. Ou pelo genro que mal sabe abrir uma garrafa de cerveja.
Não pense que há pessimismo nas afirmações acima. Elas são apenas conclusões de quem já bebeu muito vinho e pensou que deveria ter aberto a garrafa três ou cinco anos antes. Pior, em algumas raras vezes precisou jogar o vinho fora porque não estava mais apto ao consumo.
A curiosidade de beber um vinho antigo e observar como ele se comportou eu já não tenho mais, afinal já fiz isso muitas vezes. Deixo isso para quem ainda não passou pela experiência.
Agora a regra é a seguinte: beber o quanto antes, deixando o vinho na adega apenas o tempo suficiente para se livrar do sacolejo do trajeto entre a loja e minha casa. No máximo, até a próxima data importante, que não pode passar para o ano seguinte. Nunca!
Tem uma frase famosa que diz "a vida é curta para beber vinhos ruins". Concordo, mas a vida também é curta para beber vinhos que passaram do ponto!
Saúde a todos!
Um comentário:
Verdade. Nada melhor do que aprecia-los com amigos, família, ou simplesmente sozinho. Deixar para "guardar"só as boas experiências disso.
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